Fascite Plantar


Fascite, ou fasceíte plantar, é uma inflamação da fáscia plantar, uma estrutura de ligamentos e tendões que recobrem a planta dos pés desde o calcanhar até a base dos dedos. Os sintomas incluem dor em pontada bem localizada, geralmente próximo ao calcanhar ou no centro do pé, após esforço ou logo cedo ao levantar da cama, nos primeiros passos. 

É uma lesão muito comum em atletas, mas pode acometer qualquer pessoa; estima-se que aproximadamente 10% da população entre 40 e 60 anos apresenta fascite, mas tenho observado um público cada vez mais jovem no consultório, devido à moda das corridas e dos tênis que corrigem a pisada. Não tenho nada contra estes tênis, muito pelo contrário: a tecnologia envolvida para o desenvolvimento deles é fantástica, e bem prescritos são ótimos aliados do atleta. Mas há o perigo da compra indiscriminada destes calçados, que podem machucar pés, joelhos, quadril e até coluna. Mas isso é assunto para outra postagem.

 

    Voltemos à fascia: trata-se de um tecido espesso mas elástico, intimamente ligado à pele. É um dos responsáveis pela manutenção do arco dos pés, e pela acomodação do pé às irregularidades do terreno. Além disso, a fascia é parte integrante da cadeia posterior corporal (juntamente com a musculatura da panturrilha, parte posterior da coxa e quadrado lombar), responsável por ficarmos em pé. 


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A fascite pode aparecer após um treino esportivo mais intenso, ou uso inadequado de calçado, mas também pode ser conseqüência de um processo diário de mau alinhamento de pernas e pés, gerando microtraumatismos locais. Costumo dizer que é como um copo vazio, que recebe uma gota de água por dia. Uma gota só não faz diferença mas ao final de alguns dias o copo estará cheio. No caso da fascite, a inflamação acompanhada da dor é o nosso copo cheio.  

 O diagnóstico da fascite é essencialmente clínico, com inspeção dos pés, análise de marcha e da postura, testes de força, e de alongamento. Se houver dúvida, podem ser necessários os exames de Ultra-sonografia e/ou Ressonância Magnética.  

  O tratamento muitas vezes é longo, já que ficamos sempre sobre os nossos pés, e pode incluir repouso de atividade física, analgésicos, fisioterapia, acupuntura, uso de palmilhas corretivas quando necessário, e mudança dos calçados. Geralmente 80% dos casos respondem bem ao tratamento conservador, sendo a cirurgia o último recurso para melhora da dor. 

   

  Para aqueles que já trataram ou querem prevenir a fascite, escolhi alguns exercícios diários bem simples mas eficientes. 





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Alongamento para soleares: Mantenha esta posição por 30 a 40 segundos, para cada perna, 2 a 3 vezes ao dia



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Alongamento para fáscia plantar: Manter esta posição por 30 segundos,  2 a 3 vezes ao dia. Com os joelhos apoiados, fazer pressão nos dedos dos pés; cuidado para não sobrecarregar a coluna, mantendo a lombar em flexão



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Massagem com bolinha firme: costumo recomendar bolinhas de tênis; aquelas muito macias massageiam superficialmente apenas. 2 minutos de massagem em cada pé faz muita diferença no final do dia! 😊




A maior dificuldade para o tratamento da fascite é o comprometimento do paciente. Como estamos falando de uma estrutura importante para a marcha do ponto de vista biomecânico, o tratamento é por vezes muito longo já que outras partes do corpo também estão envolvidas. Mas não desanime! O mais importante é descobrir o que está causando a fascite; procure a ajuda dos especialistas, que os resultados virão. 





Referências: 

  • Anderson B, Anderson J. Stretching. Shelter Publications Inc. 2000

  • Bricot, B. Posturologia. 3. ed. São Paulo: Ícone, 2004. 270 p

  • Rose J, Gamble JG. Marcha Humana. 1a. ed. Bras. Premier, p.298, 1998.

  • Viel E. A Marcha Humana, a Corrida e o Salto. 1a ed. Bras. Barueri. Ed. Manole, 2001

  • http://www.einstein.br/blog/paginas/post.aspx?post=1124

  • http://www.mdsaude.com/2012/09/fascite-plantar.html

  • Morag E, Cavanagh PR. Structural and Functional Predictors of Regional Peak Pressures Under the Foot During Walking, Journal of Biomechanics, v. 32, p. 359- 370, 1999.







                                                           


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